Há gostos para tudo, é o que vale!
Há quem goste de amarelo, há quem goste de verde e até há quem goste de cor de burro quando foge. Esta última desconheço, mas que existe, existe! Quando eu era pequena, a minha mãe costumava falar dela como resposta às muitas perguntas que eu colocava e, para as quais ela obviamente, não tinha resposta. Não que as perguntas fossem sem nexo, mas porque as crianças são sempre demasiado inquisidoras para a mente adulta. Outra expressão parecida que usava muito era o “línguas de perguntador”, que eu também nunca entendi do que se tratava. Ou o “oh rapariga cala-te um bocado e sai daqui que já me estás a fazer perder a paciência!” esta confesso era a que eu percebia claramente o significado: “é melhor pirares-te antes que isto dê para o torto”
Mas dizia eu que há gostos para tudo. E não é que há mesmo?!
Ainda hoje vi uma senhora com umas calças três números abaixo do dela, ou então enganou-se e trouxe as calças da filha de 10 anos. Bem, a senhora vestia as tais calças, três números abaixo do dela (desculpem não resisti a repetir), umas calças verdes. Um verde daqueles luminosos que fazem doer os olhos. Verdade se diga, que também só se via a parte dos membros, porque a zona superior das calças ficava completamente ofuscada pela massa corporal, maior do que aquela que eu tive em final de gravidez. E olhem que não é fácil ser maior, que eu naquela altura tinha a mania das grandezas. Entretanto, saía um pouco abaixo do pescoço, mais uma porção de massa que não se continha dentro daquela camisola cinco, repito cinco, desculpem, só mais uma vez, cinco números abaixo do seu. E digo cinco, reforço cinco, porque não quero ser acusada de exagero.
Estava eu estarrecida naquela visão, quando sinto uma forte dor ocular, supus eu, derivada do verde luminoso. Mas não. Não se tratava apenas, de verde luminoso. Havia que considerar o vermelho vivo da camisola e o rosa choque das botas. Na verdade, estou certa, que a causa da dor ocular foi realmente o rosa choque das botas, porque afinal, tudo o resto era perfeitamente banal e discreto em alguém que, decididamente, não tem um único espelho