Sempre achei a poesia muito complicada. Coisa de gente erudita, coisa de deuses... ou de loucos... sei lá!
Pega-se um poema. Ouve-se o poema. Lê-se o poema. E cada um o pega à sua maneira, o ouve em sons diferenciados: umas vezes gritados outras silenciados.
O lê como bem entende, ou nem entende, ou finge que entende! E nem o poeta se entende. Às vezes ninguém se entende…
É verdade! Experimentem perguntar a um poeta: onde está o encanto? E ele responder-vos-á qualquer coisa do género:
“O encanto do deserto
não está nas dunas
não está na imensidão
está na esperança
de que a qualquer momento
pode surgir o oásis”
Só um lunático enxerga assim um deserto!
Mas tentem de novo. Vale sempre a pena tentar de novo...
“... e quando o peso da vida, esmaga os sonhos, e quando nos sentimos tão pesados, que até o respousar é cansativo.
... e quando desmontamos as gavetas, na tentativa de as arrumar e no regresso elas já não encaixam.
... e quando ficamos eternamente atrás da porta, com receio do que vamos encontrar do outro lado.
... somos ou não somos, em caso de dúvida achamos que somos”
Eu às vezes tenho dúvidas se sou... seremos?
Apesar de tudo, até eu gostava de escrever poesia. Ideias tenho muitas, falta-me é este engenho:
“Nada mais insupotável
Que a mente povoada de ideias
E não conseguir expressá-las
Apesar disso:
Uma maré ainda que seja vazia
É sempre uma maré”
Rendo-me! Eu nunca serei poeta! Até porque os poetas amam tudo e nada, num sofrimento desmedido de tão cantado.
“Um abraço, um laço
Um acorde no espaço
Sinfonia de um beijo
Um sentir
O desejo um compasso
A paixão uma pauta
Amar é piano
Orquestra, concerto, ovação”
Confessem lá: não é de louco fazer do amor canção?!
Ainda assim, às vezes, sonho ser poeta mas...
“Gostava de um dia ser poeta
Juro!
Por agora tento versejar
Pode ser que lhe apanhe o jeito
E não me venham com a falsa modéstia
A dor sinto-a
A poesia amo-a
Ela é que ainda não me disse o sim”
Ahhhh já disse sim!!! Tu é que andas aí nas nuvens e nem reparaste.
É assim que vejo o poeta. Louco, ébrio, amando cada pedaço da vida, recheando o vazio de cada momento, de cada pensamento que deixa voar pela janela para as páginas de um livro, que outros lêem inebriados, consulados, extasiados enquanto as esfolham. E podem não entender, mas sentem.
“Apenas as pessoas comuns fazem coisas
Extraordinárias
As fora do comum, limitam-se a sê-lo”
Eu não tenho a certeza se és fora do comum mas sei que, de certeza, não és comum.
E se o tempo não me faltar, nem a memória me falhar, eu hei-de aprender como tu
“E quando o vazio preenche os meus dias
E quando as palavras ignoram o que sinto
Invariavelmente volto atrás
Procuro o erro, os espaços em branco
Escrevo, apago, escrevo, até ficar preenchido”
Eu e a poesia nunca nos entendemos. Mas... Oh António, isso não é poesia, nem sequer rima, nem tem palavras dificeis, nem estrofes complicadas. Isso são apenas letras que, dum pensamento voaram pela janela, qual sopro de vento e aterraram numa folha de papel.
Obrigada António pela causa que esse teu livro abraça porque...
Há muito tempo que não vinhas cá...
Só devo vir quando estou bem.
Agora estás bem?
Não...
Então porque vieste?
Porque preciso ficar bem.
Vocês adultos são complicados, não são?!
Somos... por isso que vocês crianças existem... para descomplicarem :)
É que há coisas que não deviam ser, mas são…
Deixa a porta encostada que eu quero voltar...
“ poemas de António Paiva” hoje na Fnac Chiado.
(e sim, escusam de perguntar, eu respondo já que me pagam muito bem para eu publicitar! LOL)