Quando o tempo parece esgotar-se. Quando os pensamentos se confundem. O mundo da lógica evapora-se. Mais uma vez, é como se o céu ameaçasse cair.
É a sensação de que tudo é negro (porquê negro? Porque o associamos sempre a negro? Se, afinal, o negro é lindo?...). O mundo perde a cor. O Sol perde o brilho. Tudo fica sem graça. Desengraçado. Como a rosa não regada.
A dor aguça. O nó aperta. A lágrima esforça-se por sair, enquanto a travas. É então, que o choro sufocado rompe, que nem rio correndo para a foz, em grito de liberdade.
Na ânsia de um beijo, de um carinho, de um pouco de atenção ou, tão-somente, de um abraço desinteressado. Insegurança. Medo. Melancolia. Solidão. Ou apenas uma opção?...
Agora… Acorda! Olha à volta!
Vá lá, olha de soslaio se quiseres, só com um olhito, pelo menos. Mas olha!
Já viste aquela rosa vermelha, a outra amarela? E aquela negra? Aveludada. O espinho pode picar-te mas é linda!
Vês aquele cachorrinho ali ao fundo? Os olhos brilhantes, a cauda a abanar, o pêlo macio. Talvez te ladre, mas afaga-te.
Repara naquela nuvem espessa, condensada. Viajante. Talvez seja negra, mas é engraçada a forma de anjo. Talvez chova. Mas lava-te.
Olha o riso daquele miúdo. E do outro. Às vezes choram como tu. Mas estão ali.
Consegues ver que não estás só? Também estou aqui. Just me! But not alone! Olha bem. Está uma multidão à nossa volta.
Abre a janela. Deixa entrar a luz. O ar fresco da manhã. Mesmo que esteja frio, podes constipar-te, mas não vais congelar.
Sai à rua, mesmo que chova. Salta na poça de água. Vais molhar-te. Talvez caias, mas vais levantar-te.
Olha para cima. É um imenso azul. Infinito. Não fujas. Não te vai cair em cima, por mais que pareça que sim.
É de noite? Lua cheia? Espeta-lhe um alfinete a ver se rebenta.
Não consegues dormir? Lava a cara e o pensamento. Esfrega os olhos, não vá a escuridão cegá-los. Vá, puxa o lençol. Vai lá ver no fundo da gavetinha. Há-de haver um sonho qualquer que se aproveite. Não? Bhaaa! Esses sonhos estão fora de validade. Constrói um novo, com as pedrinhas que sobraram do castelo que ruiu.
Repara! A felicidade está aí mesmo, na palma da tua mão. Tens de agarrá-la!