domingo, 29 de abril de 2007

like a gift

"Hoje queria levar-lhe algo importante. Não podia chegar lá de mãos vazias. Um presente. Tinha de encontrar um presente. Mas não um presente qualquer.

(…)

Tinha consciência da enormidade do seu corpo másculo e da pequenez dos seus bolsos.

Queria levar-lhe algo que ela nunca mais esquecesse. E estava ali, parado em frente à porta sem nada, além de si. Tocou.

Ofereceu-se-lhe."



quarta-feira, 25 de abril de 2007

like a change

Já passou tanto tempo, não foi?!

Tinhas aquelas ideias malucas que muitos condenavam. Aquela forma de ver o mundo que poucos entendiam. Um olhar colocado bem além do que era visível. E um espírito forte, indestrutível, inabalável.

Eram inevitáveis as consequências. Incompreensíveis. Duras. Difíceis. Injustas. Dolorosas.

Um dia amanheceu, em neblina incerta. As nuvens foram-se dispersando. O Sol foi rompendo, decidido a libertar-se. E libertou-se!

Já não estavas cá para o ver porque as nuvens te haviam esmagado o corpo, mas a tua alma viu pelos nossos olhos, pelas nossas palavras, pelo nosso sorriso e pela tua memória perpetuada.

Passámos a tua história de boca em boca aos nossos filhos. Eles sabem-na de cor. A tua força já os marcou como a nós. A tua determinação, o teu olhar firme, a tua capacidade de domar a dor, para que a tua vontade indomável, sobreviva.


Mas então que aconteceu?

Sabes… Sabes? Sabes.


Eles são jovens têm poucas recordações. E nós estamos velhos para reagir.

Não é fácil explicar-lhes, fazê-los sentir, abaná-los, incutir-lhes que…


Heróis não são gente sem medos. Nem são feitos de matérias diferentes.

Heróis são os que gritam de medo, de raiva, de paixão e se atiram para a frente sem pensar, mesmo que tombem. E se levantam, ou perecem para que outros se ergam. Porque apenas acreditam que conseguem.

Heróis não são gente especial de contos ou memórias, são homens e mulheres como todos nós. Como tu. Como eles.

Heróis são homens e mulheres comuns, capazes de gritar “quero”.

Heróis são homens e mulheres vulgares, que buscam o Sol todos os dias e acreditam que podem fazê-lo renascer.


As histórias não se repetem, nem se eternizam, recriam-se, não é?!


Sabes... Sabes? Sabes.

É que deste-nos uma coisa nova e ainda não aprendemos a usá-la.



Portugal, 25 de Abril 2007 (que podia ser 1975, 76, 77...)




segunda-feira, 23 de abril de 2007

like a truth

Quando o tempo parece esgotar-se. Quando os pensamentos se confundem. O mundo da lógica evapora-se. Mais uma vez, é como se o céu ameaçasse cair.

É a sensação de que tudo é negro (porquê negro? Porque o associamos sempre a negro? Se, afinal, o negro é lindo?...). O mundo perde a cor. O Sol perde o brilho. Tudo fica sem graça. Desengraçado. Como a rosa não regada.

A dor aguça. O nó aperta. A lágrima esforça-se por sair, enquanto a travas. É então, que o choro sufocado rompe, que nem rio correndo para a foz, em grito de liberdade.

Na ânsia de um beijo, de um carinho, de um pouco de atenção ou, tão-somente, de um abraço desinteressado. Insegurança. Medo. Melancolia. Solidão. Ou apenas uma opção?...


Agora… Acorda! Olha à volta!

Vá lá, olha de soslaio se quiseres, só com um olhito, pelo menos. Mas olha!

Já viste aquela rosa vermelha, a outra amarela? E aquela negra? Aveludada. O espinho pode picar-te mas é linda!

Vês aquele cachorrinho ali ao fundo? Os olhos brilhantes, a cauda a abanar, o pêlo macio. Talvez te ladre, mas afaga-te.

Repara naquela nuvem espessa, condensada. Viajante. Talvez seja negra, mas é engraçada a forma de anjo. Talvez chova. Mas lava-te.

Olha o riso daquele miúdo. E do outro. Às vezes choram como tu. Mas estão ali.

Consegues ver que não estás só? Também estou aqui. Just me! But not alone! Olha bem. Está uma multidão à nossa volta.


Abre a janela. Deixa entrar a luz. O ar fresco da manhã. Mesmo que esteja frio, podes constipar-te, mas não vais congelar.

Sai à rua, mesmo que chova. Salta na poça de água. Vais molhar-te. Talvez caias, mas vais levantar-te.

Olha para cima. É um imenso azul. Infinito. Não fujas. Não te vai cair em cima, por mais que pareça que sim.

É de noite? Lua cheia? Espeta-lhe um alfinete a ver se rebenta.

Não consegues dormir? Lava a cara e o pensamento. Esfrega os olhos, não vá a escuridão cegá-los. Vá, puxa o lençol. Vai lá ver no fundo da gavetinha. Há-de haver um sonho qualquer que se aproveite. Não? Bhaaa! Esses sonhos estão fora de validade. Constrói um novo, com as pedrinhas que sobraram do castelo que ruiu.


Repara! A felicidade está aí mesmo, na palma da tua mão. Tens de agarrá-la!


sábado, 21 de abril de 2007

Like a son

Um dia…

Pensa bem. Lá em cima quem vive é o vizinho e não uma nuvem que larga notas de 500. Não é só pagar um carro. Há o seguro, as revisões e aqueles cavalinhos todos lá dentro, que bebem que se fartam… Se queres ser responsável pelos teus gastos, então terás de pensar em tudo isso.


Um ano e tal depois…

Lembras-te de me teres dito um dia, que as notas de 500 não chovem lá de cima? E que os carros têm lá dentro uns cavalos que bebem um liquido caro?

Hum… sim… e…?

E tinhas toda a razão! Dá para encheres o bebedoiro? Mas olha, eu continuo a ser responsável, no fim do mês eu encho o dos teus cavalos!

Hã?... hum… pois...



terça-feira, 17 de abril de 2007

like a question…

…without answer

...


Acordou a meio da noite, confuso, extenuado, sentido, saudoso.

Porquê?

Gosto da idade dos porquês. Surgem porquês uns atrás dos outros, numa amálgama de pensamentos, de buscas de conhecimento, de compreensão. Gosto daqueles porquês sequenciais como lógicas de raciocínios que se tentam construir.

Porquê?

O porquê é das perguntas mais completas, melhor formuladas, mais claras e concisas que conheço. É também uma das que mais vezes não tem resposta.

Porquê?


...

Há muitos e muitos anos atrás, eu tinha um ursinho de peluche, dormia comigo, comia a seu lado, brincávamos juntos, contava-lhe os segredos e era o meu grande amigo, aquele que eu não dispensava nunca. Amava-o!

Hoje o meu ursinho está lá, guardado algures nalgum baú e continua presente na minha memória. Ainda o amo na recordação dos momentos da minha infância. Foi importante e por isso é importante. Apenas deixou de dormir na minha cama, deixei de comer a seu lado… porque precisava crescer e o ursinho era de peluche, não falava. Se ele tivesse permanecido na minha cama, eu não conseguiria crescer. Tive de escolher.

Há muitos anos atrás eu tive um cão, lindo, peludo e meigo. Brincava com ele, adormecia a seu lado, corríamos juntos, dava-lhe de comer. Amava-o!

Ainda o amo na minha memória, ainda corro com ele na minha recordação, ainda é importante porque esteve lá, nos meus anos de adolescente, que são meus. Cresci e tive que escolher partir e deixá-lo na casa dele. Se tivesse ficado não conseguiria ter feito o que fiz até hoje, viveria triste e ele triste comigo. Tive de escolher.

Como tu eu também tinha um papá e uma mamã que cuidavam de mim quando era pequena. Amei-os desde sempre. Já não me enfio na cama deles a meio da noite. Já não me dão o comer à boca. Já não me levam a passear de mão dada. Já não vivemos na mesma casa. Mas amo-os tanto como nessa altura. Eu tinha outras coisas para fazer. Se tivesse ficado não as teria feito e não seria quem sou. Se eu não fosse quem sou tu não gostarias de mim, não me chamarias papá nem te sentirias amado.

Estou errado?


...

Porquê?

Porque para sermos nós temos de fazer escolhas, às vezes fáceis outras vezes difíceis. E muitas, muitas, muitas vezes nem percebemos o porquê, só sabemos que…


quarta-feira, 11 de abril de 2007

like a friend


dear friend happy birthday



"A raça humana, creio eu, ser a única que tem uma tão vasta variedade de elementos designados como amigos.

Senão vejamos…

Existem os amigos de infância com quem andamos muitas vezes à estalada, mas que não dispensamos para as nossas brincadeiras.

Os amigos de pré-adolescência a quem frequentemente, confidenciamos mais do que seria desejável.

Amigos de adolescência que nos acompanham nas borgas e nos mais diversos disparates próprios da idade, já por si idiota.

Chegados ao estado adulto, passamos a ter uma série de amigos que nos visitam e presenteiam o jantar com uma interminável descrição do seu carro novo, último modelo, muito melhor que o nosso velho calhambeque.

E quando as maleitas da idade começam a apertar, é então altura de andar ao despique com os amigos a ver quem sofre do pior mal.

No entretanto, vamos tendo os amigos que vão e vêm ao sabor da corrente. Os amigos colegas que deixamos de ver após um ou dois anos. Os amigos da coscuvilhice, da má-língua e da conversa de xáxa. Ahh e os amigos da onça.

Bolas, ia-me esquecendo daqueles amigos que nunca se esquecem de nós especialmente quando precisam de qualquer “coisinha simples” e dos Grandes Amigos que podem ser de pequena ou grande estatura, viver do outro lado do mundo, aqueles que estão sempre lá nas horas chatinhas, choram e riem por, para e connosco, fazem qualquer coisa por nós em troca de nada e nunca dizem que são amigos, porque... não precisam dizer!!"

(lembras-te?)


segunda-feira, 9 de abril de 2007

like a children




(http://www.deviantart.com/)





Há muito tempo que não vinhas cá...

Só devo vir quando estou bem.

Agora estás bem?

Não…

Então porque vieste?

Porque preciso ficar bem.

Vocês adultos são complicados, não são?!

Somos… por isso que vocês crianças existem… para descomplicarem :)


segunda-feira, 2 de abril de 2007

like an angel

Um dia…

Há muitos e muitos anos luz, quando ainda não existia terra e nem mar, ela ziguezagueava por entre destroços de nada e tudo.

O céu escurecera como breu, quebrara-se em pedaços cadentes.

Atemorizada tentou esconder-se por trás de coisa nenhuma, por baixo de si mesma.

Sabia, sentia, adivinhava, que iria morrer espalmada, sob aquele outrora azul.

Não gritou, não esbracejou, nem chorou, só tremeu.



Outro dia…

Há muitos e muitos anos luz, quando ainda não existia paraíso e nem inferno, num tempo de ninguém, ele sorridentemente se arvorava em anjo de diabo, ou diabo de anjo.

Sem rosto, sem voz, sem nome.

Serenamente viajava pelo espaço transparente.



Uma noite…

O céu ameaçava ruir.

Ele de mão estendida sem saber, sem conhecer, sem se importar.

Ela apavorada, perdida, desamparada.



Outra noite…

Ele a segurar o céu.

Ela a erguer-se.

Ele a ampará-la.

Ela a acordar.



Mais um dia…

O céu que por vezes parece cair sobre a nossa cabeça, contínua lá, azul, límpido, ou ofuscado por espessas nuvens. E nunca cairá.

Ele continua anjo de diabo ou diabo de anjo, viajando por entre o todo.

Ela… continua a viver até morrer, porque foi para isso que nasceu.